Mulher agredida por policiais no TO diz que não consegue amamentar.

A abordagem de policiais militares a um casal de namorados, no último domingo (23), em Miranorte, a 105 km de Palmas, foi registrado em vídeo por moradores da cidade e publicado em redes sociais.

Nas imagens é possível ver a mulher sendo agredida a chutes pelos PMs, quando tentava afastá-los do namorado. Como consequência, a empresária do ramo de vendas e construção, Karla Lima, 32 anos, ficou com o corpo cheio de hematomas e, segundo ela, sem leite para amamentar o seu bebê.

O namorado, o mecânico Leonílson Alves da Silva, 24 anos, está preso por desacato e agressão. A Polícia Militar do Tocantins afirmou que já instaurou um procedimento administrativo para verificar se houve ou não abuso de poder ou erros de procedimentos por parte dos policiais.

De acordo com Karla, na manhã de domingo, eles voltavam de uma festa de carnaval e, quando passaram em um posto de combustíveis, houve um desentendimento com caminhoneiros. “Leonílson iniciou uma briga com dois caminhoneiros no posto e a polícia chegou.

Os homens fugiram e ele [namorado] estava xingando. Os policiais acharam que era com eles e chegaram batendo nele”, conta, dizendo que o namorado estava muito nervoso. Karla diz que ao ver os policiais agredindo o rapaz, foi até eles e pediu para que parassem.

“Pedi pelo amor de Deus. O meu namorado não é delinquente, é um pai de família. Ele estava embriagado e tinha acabado de brigar”, lembra, acrescentando que os policiais falaram: "sai do meio, que se não, vai apanhar também" e ela retrucou: “Não vou deixar vocês matarem o meu namorado.”

A empresária afirma que levou cerca de oito golpes de cassetetes, foi esmurrada, levou chutes e teve um corte no supercílio e hematomas nos seios. Ela, que tem três filhas, sendo uma de oito meses, ficou desacordada e foi levada ao hospital.

"Em um dos seios não está saindo leite", observa Karla, que ainda está em fase de amamentação.

Já Leonilson foi algemado. “Colocaram o cassetete entre as algemas e a boca dele e com outro cassetete foram batendo”, ressalta ela, contando que a agressão só terminou quando os familiares dela chegaram ao local. O mecânico foi encaminhado à delegacia onde está preso desde domingo.

A empresária foi ao Instituto Médico Legal, onde fez exame de corpo de delito, registrou boletim de ocorrência e denunciou os policiais para a corregedoria da PM. O próximo passo será procurar o Ministério Público e, posteriormente, ingressar com uma ação na justiça contra o Estado. “Ele [namorado] está preso por desacato, agressão, ameaça e não aceitaram fiança”, reclama Karla, dizendo que Leonilson sofreu outras agressões na delegacia.

“Dois PMs treinados, que estão ali para nos resguardar, como uma pessoa poderia agredi-los?”, questiona, lembrando que os policiais usaram spray de pimenta. “Meu namorado, depois que foi preso, foi espancado.

Ele está com as costas machucadas.” Um advogado foi contratado para entrar com habeas corpus a favor do homem. A empresária reconhece que tanto ela quanto o namorado tinham bebido, já que antes do carnaval comemoraram o aniversário dela, mas que nada justifica as agressões. “Espero que esses policiais sejam punidos e vou lutar para que eles percam a farda”, finalizou.

Resposta da PM
Por meio de nota, o comando da Polícia Militar do Tocantins, diz que um procedimento administrativo foi instaurado, para verificar se houve ou não abuso de poder ou erros de procedimentos por parte dos PMs. O prazo para conclusão é de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 20 dias. A nota diz ainda que será mantida a ampla defesa dos suspeitos e que os nomes dos policiais envolvidos serão preservados até o fim das investigações.

Elisangela Farias
Do G1 TO