Em Tocantins: Mulher com dois úteros comemora gravidez e se prepara para dar à luz.

A estudante de enfermagem Thaynara Carvalho Cunha tem 24 anos e está no sétimo mês de gestação, grávida no útero esquerdo e com um mioma de pouco mais de 2 cm no direito. Ela mora em Gurupi, no sul do Tocantins, e descobriu que tinha dois úteros em um exame de rotina.

O caso é bastante raro e também é conhecido na medicina como útero didelfo. "Eu sentia muitas dores durante a mestruação. Sempre ficava internada porque perdia muito sangue e precisei ir ao médico para saber o que estava acontecendo. Foi quando descobri que tinha dois úteros."

O relato da jovem aconteceu em 2010. Na época os médicos não lhe deram esperanças de engravidar. Thaynara conta que a descoberta só foi possível através de um exame de ressonância magnética, feito depois que ela saiu da cidade natal, Paranã, e mudou-se para Gurupi. "Fiquei assustada porque um monte de gente [do hospital] veio olhar. Achei que meu problema era grave, senti medo. Mas aí o médico me explicou tudo e fiquei mais tranquila." Os médicos com quem a jovem consultou, explicaram sobre a dificuldade para as mulheres que têm dois úteros engravidarem.

"Eles disseram que eu tinha dois colos uterinos, além dos dois úteros. O problema era que meus colos eram retrovertidos [virados para trás]. Depois de alguns anos, em uma consulta soube que o esquerdo centralizou, mas que o direito estava com um mioma.

Depois disso passei a ir no ginecologisca de três em três meses para fazer acompanhamento", explica. A gravidez foi descoberta depois que a estudante fez um teste de farmácia. Thaynara conta que começou a passar mal quando estava de plantão no hospital onde trabalha.

"Minha pressão baixou de uma vez, fiquei branca. Como minha mestruação estava atrasada resolvi fazer um teste de gravidez, desses de farmácia mesmo. Quando deu positivo não acreditei. Tive que fazer mais duas vezes para acreditar." Segundo o ginecologista Espedito Pedro Vasconcelos, que acompanhou Thaynara durante mais de um ano e nos três primeiros meses de gestação, o útero didelfo é uma anomalia.

"Trata-se de uma malformação congênita. O diagnóstico acontece quando a mulher começa a ir ao ginecologista, porque é quando se fazem os exames ginecológicos e o ultrassom. A gravidez, quando ocorre, é de risco e o parto pode ser prematuro", explica.

O médico conta que no caso da Thaynara, os úteros dela são colados um no outro, mas cada um tem um colo uterino diferente. Sobre o mioma, ele diz que não é motivo para pânico porque se trata de um tumor benigno e pode ser retirado cirurgicamente após ela dar à luz.

No sétimo mês de gestação a esperança da jovem é que o pequeno Arthur, como será chamado o bebê, cresça forte e saudável. Ela conta que ainda sente dores e que algumas vezes se sente muito mal. Apesar das adversidades a estudante está muito feliz com a gestação e tem até casamento marcado para o fim de maio, com namorado com quem se relaciona desde 2011. "Ele é uma pessoa muito boa e sempre me acompanha. Apesar de morar em outra cidade é muito atencioso comigo", diz orgulhosa.

Útero didelfo Outro caso que chamou a atenção no Tocantins, e que também aconteceu em Gurupi, foi o de uma professora que deu à luz gêmea, em setembro do ano passado.   Lusângela Lima Lopes, de 28 anos, tem dois úteros e cada um dos bebês foi fecundado em um útero diferente. Ela teve uma gravidez de alto risco, mas os gêmeos nasceram saudáveis.

Monique Almeida
Do G1 TO