As equipes do Corpo de Bombeiros do Sertão da Paraíba já registraram 12 ocorrências de afogamento desde janeiro de 2014, quando começou o período das chuvas na região. Em quatro delas as vítimas morreram.
A maioria dos afogamentos aconteceu em açudes e rios que acumularam água com as chuvas registradas em dois meses. Patos, a 305 da Capital, município onde os índices pluviométricos foram maiores, com mais de 640 milímetros, foi também a localidade que mais registrou ocorrências de afogamento, com sete casos, sendo duas mortes. Os outros casos fatais aconteceram em Santa Terezinha, São José de Espinharas e Jericó.
As demais vítimas foram resgatadas com vida, mas tiveram que ser hospitalizadas, ou seja, atingiram o grau 2 de afogamento, numa escala que vai até o registro de morte, que é o número 6.
Outro dado importante e preocupante é o de que em 75% dos casos de afogamento, as vítimas tinham ingerido bebida alcoólica.
No município de Patos, além das ocorrências de afogamento, os Bombeiros registraram ainda outros 40 chamados para casos de alagamentos e desabamentos em decorrência das chuvas.
As precipitações aumentaram o nível do rio Espinharas que corta a cidade e os banhistas mais afoitos, depois da ingestão de bebida alcoólica, estão pulando de pontes, num ato de comemoração e de exibição de coragem.
Um das vítimas que morreram afogadas em Patos foi um homem de 66 anos que teria pulado de uma das pontes do rio Espinharas após a ingestão de bebida alcoólica. A vítima não conseguiu nadar até a margem do rio e teve o corpo arrastado pela correnteza. A equipe de bombeiros de Patos só conseguiu localizá-lo no dia seguinte, após diversas buscas.
No outro caso de morte em Patos, um jovem de 18 anos, teria tentado a travessia do açude Mocamo, na Zona Rural da cidade, e no meio do percurso teria cansado e não conseguiu retornar.
Várias pessoas estavam no local no momento do afogamento, mas não se sentiram preparadas para tentar resgatar o jovem e por isso não se aventuraram. A decisão, conforme o comandante do 4º Batalhão de Bombeiro Militar, Major Saulo Laurentino, foi acertada, porque ninguém era treinado para salvamento. Casos em que pessoas aventuram em tentar salvar vítimas de afogamento resultaram em mais mortes.
Proibições
A vereadora do município de Patos, Cláudia Leitão (PR), apresentou um projeto na Câmara Municipal na semana passada em que propõe a proibição e o disciplinamento para banhos em canais, rios e açudes públicos da cidade.
A parlamentar diz que o objetivo de disciplinar o banho nesses locais é evitar ocorrências de afogamento. O projeto propõe ainda a colocação de placas informando sobre os riscos do banho nos locais proibidos.
Cláudia informou que durante as discussões sobre o projeto foi levantada a possibilidade dele ser inconstitucional. Diante disso, a vereadora disse que o encaminhou para uma revisão em sua assessoria jurídica.
Ela contou que está sendo criada uma comissão para fazer um levantamento das áreas consideradas de risco de afogamentos em Patos. “Essa comissão deverá ser formada por representantes da Defesa Civil, secretarias de Infraestrutura e Meio Ambiente, e de entidades de representatividade popular e deverá apontar os locais em que a incidência de afogamento é maior e que representam perigo para os banhistas”, revelou.
Cláudia analisou sua iniciativa como pioneira em relação à discussão sobre o tema. “O importante é que estamos debatendo e a partir dessas discussões criaremos meios de evitar que pessoas morram afogadas em nossa cidade nesses períodos de cheias”, revelou.
Orientações
O comandante do 4º Batalhão de Bombeiro Militar, Major Saulo Laurentino, informou à população que o telefone gratuito 193 está disponível para os casos de emergência e repassou algumas orientações aos banhistas.
O militar disse que as pessoas devem evitar nadar sozinhas e procurar sempre levar consigo objetos flutuantes como boias. “Mas sem confiar demasiadamente neles”, completou.
Outra orientação dada pelo major Saulo diz respeito aos passeios de barcos ou balsas. Ele recomendou a pessoas que não sabem nadar a não passear sem a utilização de equipamentos de segurança. O bombeiro disse ainda que brincadeiras que simulam afogamento são muito perigosas e devem ser evitadas. “Porque quando acontecer uma situação real, as pessoas ao redor podem achar que é brincadeira”, explicou.
Para os que gostam de nadar, o militar orientou a não superar a capacidade física, principalmente quando se está ousando travessias ou enfrentando correnteza. Outra dica é atenção redobrada nas crianças e seguir as orientações das equipes de bombeiros.
Luciana Rodrigues/Portal Correio
com informações do Patosonline.com